Estúdios e Home Studios Parte 2

Encontrar o material fonoabsorvedor ideal é apenas o primeiro passo. A pergunta crucial que surge em seguida, é : "Onde exatamente devo posicionar meus painéis?"

Encontrar o material fonoabsorvedor ideal é apenas o primeiro passo. A pergunta crucial que surge em seguida, é :

“Onde exatamente devo posicionar meus painéis?”

Essa questão se desdobra em uma série de outras perguntas inevitáveis, como:

Quantos painéis são necessários no meu espaço?  Qual a profundidade adequada para eles? Qual o tamanho ideal? Como calcular o espaço ou se é necessário usar um espaço de ar atrás deles? E quanto à difusão? Sempre lemos sobre a importância de evitar as famosas “salas mortas”, uma sala com som “morto” é algo opressor! Talvez você já tenha experimentado o desconforto que é em estar em um ambiente assim.

A vantagem é que podemos utilizar as ferramentas da Acústica Fácil para calcular essas variáveis, como a Calc-dB HelmHoltz, a Calc-dB Bonello, a Calc-dB Raios, ou a Calc-dB PRD 3D.

Nossos ambientes são frequentemente, digamos... “Peculiares” (risos). Cantos estranhos, ângulos inusitados, portas e janelas posicionadas de maneira desajeitada, etc.

O que fazer nesses casos?

O sonho de todos os iniciantes, seria ter um modelo único e perfeito, um modelo que atendesse a todas essas necessidades e ambientes de forma mágica e perfeita, independentemente de sua forma ou tamanho. Infelizmente sabemos que isso é um sonho intangível, uma utopia inexistente. 

O maior dilema, é...

Simplesmente não há um modelo “correto” ou “estratégia mágica” de posicionamento, cientificamente correto e/ou comprovado para o condicionamento acústico de salas pequenas, que garantam uma tradução adequada das mixagens de forma confiável. Sem contar que as abordagens utilizadas por grandes estúdios muitas vezes podem parecer contraditórias e confusas para muitos, por envolverem muitos cálculos e simulações avançadas.

Vamos às abordagens conhecidas:

A abordagem de “Reflection Free Zone (RFZ)” — Zona Livre de Reflexões, por exemplo, possui uma parte frontal totalmente reflexiva, mas com paredes angulares. Essa é de longe a minha preferida! 

Diagram of

A abordagem mais antiga “Live End Dead End (LEDE)”, já inverte essa lógica, com uma parte frontal totalmente absorvente e uma parte traseira reflexiva. Apesar de existirem boas salas com esse conceito, não me agrada muito à sonoridade dessa abordagem, exceto quando aplicada uma abordagem híbrida, que produzem, muitas vezes, resultados sonoramente deliciosos.

Mas qual abordagem realmente funciona melhor e por quê?

Infelizmente, tudo o que temos são evidências anedóticas de achismos pessoais, come espalhamentos de “certezas incertas de especialistas não especializados”, que espalham “verdades inverossímeis” como sendo “verdades absolutas” em seu “achismo famigerado, de que esses ambientes proporcionam um ambiente de mixagem funcional ou, como muitos afirmam, "Acústicamente perfeito"— quantas aspas nessa parte (risos) :-)

Até hoje, não existem estudos científicos que mensurem realmente o “quão bem” soam essas salas, ou mesmo se elas realmente funcionam para mixagem e masterização.

E isso não deve ser confundido com ambientes de audição de alta fidelidade. Existem diversas pesquisas que analisam o quão agradáveis certos espaços de audição possam ser.

Mas agora, daí a julgar objetivamente o quão bem eles traduzem uma mixagem, já é uma situação completamente diferente!

Claro, isso não significa que elas não funcionem, não, jamais! Apenas significa que não sabemos exatamente “o que” os faz funcionar, só isso!

E não para por aí.

Mesmo se você tentar aplicá-los ao seu quarto de hóspedes, porão ou sótão, logo descobrirá que precisará fazer MUITOS ajustes para implementá-los dentro do seu orçamento, formato e tamanho disponíveis da sala, ou simplesmente pela complexidade de fazê-lo acontecer.

E se esses ajustes acabarem comprometendo exatamente aqueles aspectos (desconhecidos) que fazem uma determinada sala soar bem?

Um risco bastante considerável, em minha humilde opinião.

Portanto, para um estúdio caseiro clássico, simplesmente não faz sentido tentar emular nenhum conceito específico de sala de controle (Control Room).

É apenas um mau investimento de tempo e dinheiro…

Então, o que realmente podemos fazer e o que realmente sabemos que realmente seja útil em nossas mixagens?

Vamos examinar o que as abordagens mais modernas de salas de controle têm em comum em sua essência.

O que todas elas fazem em comum e que nos permite confiar no que ouvimos, tomar boas decisões de mixagem e que REALMENTE podemos tentar implementar em um estúdio caseiro?

Primeiro, vamos analisar a sala “Front-to-Back” da Northward Acoustics, uma sala moderna de alto padrão.

À esquerda, a sala finalizada, à direita antes de tudo ser escondido sob tecido.

 

Photos of Northward Acoustics

 

Fotos da Northward Acoustics

Fonte: http://www.northwardacoustics.com/

O que observamos?

Podemos observar na imagem a direita que há absorção literalmente em todos os lugares. Sem paredes angulares. Nenhuma absorção na parede frontal, mas os alto-falantes estão montados dentro da parede (ou neste caso, na janela). Portanto, podemos descartar o som refletindo da parede frontal. Podemos ver alguns difusores posicionados no ambiente, mas parecem estar posicionados de "maneira estranha" e, aparentemente aleatória, sem muita lógica (falaremos sobre isso em breve). Já na imagem da esquerda, vemos a sala de controle acabada, MyRoom. Podemos observar que a maioria das superfícies frontais são ripadas.

Fonte: https://www.facebook.com/MyRoom.Acoustics

O que observamos aqui?

Temos esses difusores ripados por toda parte, mas com espaços entre as ripas. Atrás dos difusores: apenas mais absorção.

É o mesmíssimo tratamento em todos os lugares!

Sem nenhuma tentativa de adequação da acústica geometrica, ou nenhuma tentativa, em qualquer ponto, de mesclar técnicas mais complexas de tratamento, nenhuma tentativa de alternar alternar entre tipos diferentes de absorventes ou difusores. (Exceto ao lado dos alto-falantes, pois  difusores não funcionam "tão bem" quando posicionados muito próximos as fontes sonoras)

O que essas duas salas têm em comum?

Há tratamento EM TODOS OS LUGARES. Ou apenas absorção pura, ou uma combinação de difusão e absorção. Nenhuma parede é deixada intocada.

Elas tentam eliminar tudo o que as superfícies físicas da sala potencialmente poderiam contribuir. TODOS os reflexos, TODAS as ressonâncias de baixa frequência (ondas estacionárias) e TODAS as interferências casuais ou limítrofes.

Essencialmente, eles simplesmente “removem a sala da equação", ou em outras palavras: qualquer distorção que a sala poderia adicionar aos alto-falantes.

Claramente, o objetivo principal é obter o som mais inalterado possível dos transdutores.

Os designers simplesmente assumem, com confiança, que o som dos monitores sozinho, dirá ao engenheiro de mixagem tudo e exatamente o que ele precisa saber.

O som inalterado dos alto-falantes não é apenas  TUDO o que precisamos, mas na verdade é a MELHOR base para tomar decisões de mixagem e garantir de forma confiável e consistente que as mixagens sejam reproduzidas fielmente no mundo exterior.

A sala em si, simplesmente "não contribui" mais para a tradução da mixagem de forma alguma.

Isso nos dá um primeiro objetivo a seguir que podemos realmente tentar implementar:

Faça o melhor para remover a sala!

Ou em termos mais técnicos: reduza a distorção do som dos alto-falantes na posição de escuta a um mínimo absoluto!

Aparentemente, também não importa muito onde você coloca a difusão exatamente, pelo menos não no grande esquema das coisas. Caso contrário, a abordagem MyRoom não funcionaria.

Então, não há necessidade de “controlar” intencionalmente o que um difusor pode refletir de volta para o ouvinte. O posicionamento do difusor poderia ser ajustado, como mostra a sala da Northward, mas aparentemente não é "realmente essencial" para um entusiasta tentar resolver.

Isso porque, o único propósito dos difusores em ambas as salas é dar ao usuário, a VOCÊ, uma sensação do espaço a partir do ruído que você gera quando está na sala.

A famosas psicoacústica, ISSO é o que diz ao seu cérebro que o espaço não está morto. Não precisamos dos alto-falantes para esse propósito.

E isso nos dá um segundo objetivo que podemos implementar:

Aplicar difusão de alta frequência em qualquer lugar que você queira manter uma sensação de espaço.

Não é libertador?

Você literalmente pode colocar difusão onde couber, sem causar problemas!

A pergunta que não quer calar, é: quanto exatamente?

Tanto quanto você quiser, simples assim!

O que você literalmente não pode, é exagerar.

Desde que seja focado apenas nas altas frequências e você se certifique de “removera sala" da melhor maneira possível, primeiro.

Simplesmente não há necessidade de “projetar” um padrão de reflexão específico ou decaimento da reverberação para salas pequenas, isso seria quase um absurdo, principalmente sem o conhecimento específico ou uma necessidade específica (que eu particularmente desconheço).

Essa abordagem é a mais refinada quando ffeita por profissionais?

Definitivamente, não! Salvo em casos onde o espaço útil se justifique.

Adotando esses princípios, essa abordagem COM ABSOLUTA CERTEZA te colocará em uma trajetória GARANTIDA para fazer suas mixagens serem reproduzidas sem amortecer excessivamente a sala.

E nos dá a estrutura de que precisamos para responder a todas aquelas questões de posicionamento que tínhamos originalmente.

Por exemplo: Quão profundos você deve fazer os painéis nos pontos das primeiras reflexões esquerda e direita?

Bem, se o objetivo é “remover” a sala, o que significa se livrar completamente desses reflexos, então a resposta é simples:

Faça-os o mais profundos possível dentro do espaço que você tem disponível.

Isso porque não é mais uma questão de “corrigir” os reflexos (para o qual você teria que saber exatamente com o que está lidando primeiro). Em vez disso, você simplesmente deseja removê-los completamente. Você não precisa saber com o que está lidando primeiro. Apenas corte-os. Pronto.

Isso, por sua vez, significa trabalhar verdadeiramente em banda larga até as frequências mais baixas com seu absorvente, tornando-o, o mais profundo possível dentro do espaço que você tem a fim de anular os modos de ressonância.

A mesma estrutura literalmente se aplica a qualquer outro ponto em sua sala onde você esteja pensando em colocar tratamento.

Você só precisa se perguntar:

Posso usar este local para “remover” melhor a sala?

Eu quero aplicar difusão de alta frequência para ajudar a manter a sensação de espaço? É tão simples assim!

Agora, aqui está o que quero que você faça agora mesmo:

Dê uma olhada ao redor da sua sala. Com base no que você acabou de aprender, onde você já sabe que pode melhorar? Onde você sabe que poderia fazer melhor para remover a sala?

Responda a esse tópico e me conte o que está pensando. 
Forte abraço, Wilder Luz


Wilder Luz

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